Do Plano Piloto ao INCRA 9: a jornada cultural de Cacá Silva, o artista que escolheu Ceilândia para viver e transformar
“Aprendi a amar Ceilândia: povo amigo, festeiro e trabalhador. Aqui me encontrei.”
A frase de Carlos Alberto Neves da Silva – ou simplesmente Cacá Silva – resume, com emoção e pertencimento, uma trajetória que começou no Plano Piloto, mas que se firmou e floresceu na maior e mais pulsante região administrativa do Distrito Federal: Ceilândia.
Nascido em 29 de junho de 1971 no Hospital Regional da Asa Sul, Cacá cresceu e estudou no Plano Piloto, onde teve seus primeiros contatos com a música. Estudou formalmente na escola Art Música (506 Sul), orientado pela professora Elizabeth Salazar, e aperfeiçoou-se com mestres como Aroldinho Matos (guitarrista da banda Mel de Terra) e o baixista Peu, consolidando uma formação técnica sólida e sensível.
Até o primeiro semestre de 2002, dividia sua vida entre o Plano Piloto, cidades do Entorno e outras regiões do DF. Mas naquele ano tomou uma decisão marcante: mudou-se para Ceilândia, buscando estar mais próximo das comunidades e artistas que já integravam seus projetos culturais. Desde então, não saiu mais.
Desde dezembro de 2016, reside no INCRA 9 – Zona Rural de Ceilândia. Ali encontrou não apenas um lar, mas um território de identidade, pertencimento e missão cultural.
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Uma vida dedicada à cultura, à inclusão e à cidadania
Com 37 anos de atuação no setor cultural, Cacá Silva é referência entre os artistas e produtores culturais do Distrito Federal. Músico, produtor, apresentador de eventos, audiodescritor, gestor e idealizador de projetos socioculturais, Cacá se destaca por sua postura ética, sensível, agregadora e comprometida com a transformação social.
É fundador da histórica Banda Imagem, que surgiu em 1987 com o nome Imagem Obscura e, a partir de 1991, tornou-se referência em axé, samba-reggae, rock, forró e música dançante. A banda não apenas marcou o cenário musical da cidade, como foi uma das responsáveis por expandir o Carnaval popular do DF, com apresentações em micaretas, praças públicas e grandes eventos.
Em reconhecimento à sua trajetória, a banda é hoje Patrimônio Cultural Simbólico de Brasília e Manifestação Cultural Nacional, conforme estabelece a Lei Federal nº 14.836/2024, que reconhece a importância da cultura popular e autoral produzida no DF.
Mas a contribuição de Cacá não se resume à música. Foi pioneiro na introdução da audiodescrição em eventos musicais ao vivo no DF, garantindo acesso à cultura para pessoas com deficiência visual e ampliando o conceito de democratização e inclusão cultural com acessibilidade plena.
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Ceilândia como centro de criação, resistência e potência
A mudança do Plano Piloto para Ceilândia foi um gesto político e simbólico. Num tempo em que ainda havia estigmas sobre a cidade, Cacá apostou em seu imenso potencial criativo, cultural e produtivo.
Transferiu para lá a sede da banda, o estúdio de produção, seus projetos e, sobretudo, a convicção de que a periferia é protagonista da cultura brasileira – não apenas receptora.
Hoje, Cacá é parte essencial da cena cultural ceilandense e brasiliense. Participa, organiza e apresenta eventos que reúnem milhares de pessoas, como:
•Réveillon de Brasília na Praça da Bíblia (2023 e 2024);
•Ceilândia Fest Folia;
•Tradicional Arraiá da Seis;
•Fest Show da Quatro;
•Viva a Casa do Cantador;
•Festival Música é Vida;
•Festival Palco Livre, entre outros.
Eventos gratuitos, acessíveis, diversos e enraizados na cultura local, com forte impacto na economia criativa e na autoestima da comunidade.
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Reconhecimentos que validam uma vida de dedicação
Cacá Silva tem seu trabalho reconhecido pelas principais instituições culturais e veículos da imprensa:
•Prêmio FAC – Cultura Brasília 60 Anos (2020), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF;
•Moção de Louvor da Câmara Legislativa do DF (2021), por serviços prestados à cultura e à música;
•Entrevistado e citado em reportagens do Correio Braziliense, como:
•“O fenômeno axé” (2007), que destaca sua liderança na cena musical popular;
•“Planalto cai no pagode” (1999), que retrata sua transição do rock ao samba e axé;
•Personagem central do trabalho acadêmico da Universidade de Brasília (UnB) sobre o rock autoral do DF, disponível na Biblioteca Digital da UnB, reconhecendo-o como parte do patrimônio cultural imaterial da cidade.
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Compromisso com a política cultural e articulação de base
Além da atuação artística, Cacá possui uma trajetória consolidada na organização coletiva e luta política pela valorização dos músicos e artistas do DF:
•Fundador da ASMAP/DF – Associação dos Músicos e Artistas Populares do DF e Entorno (2009);
•Fundador da Liga das Bandas e Blocos Tradicionais de Brasília (1987);
•Participou de três Conferências Distritais de Cultura, sendo eleito delegado para representar o DF em duas Conferências Nacionais de Cultura, com foco na defesa da cultura periférica, do fomento público e da música ao vivo;
•Foi o único representante da sociedade civil na Comissão de Seleção do Prêmio LGBTQIA+ durante a pandemia da COVID-19, reafirmando seu compromisso com a diversidade e a equidade cultural.
•Foi o principal articulador do movimento que garantiu, junto ao Governo do Distrito Federal, a retomada da música ao vivo em bares e restaurantes durante a pandemia da COVID-19, estabelecendo protocolos sanitários e defendendo os trabalhadores da cadeia produtiva da cultura.
•Atuou ativamente no cadastramento de músicos para acesso à Lei Aldir Blanc, garantindo que centenas de artistas da periferia do DF recebessem auxílio emergencial cultural.
•Liderou e produziu lives emergenciais que garantiram visibilidade, renda e dignidade artística em meio à crise sanitária, como os projetos:
•Música Viva e Permanente (36 artistas),
•Brasília Live Show (24 artistas),
•e diversas transmissões produzidas a partir do INCRA 9, com apoio técnico e estrutura própria.
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Projetos socioculturais com impacto comunitário
Cacá Silva é o autor intelectual de dezenas de projetos que unem cultura e cidadania. Entre os mais conhecidos estão:
•Bloco da Solidariedade, criado em 2001 na Micarecandanga, que arrecada alimentos, brinquedos e roupas para comunidades em vulnerabilidade;
•Caravana da Paz e Cidadania, que leva cultura, informação e serviços sociais a regiões periféricas e rurais;
•Formaturas Sociais Estudantis, que oferece cerimônias de formatura inclusivas a estudantes de escolas públicas;
•Festival Palco Livre, que promove novos talentos locais em várias RAs do DF;
•Baile Social das Debutantes, que realiza o sonho de meninas em situação de vulnerabilidade;
•Festival Música é Vida e o Ceilândia Fest Folia, que movimentam o calendário cultural local com atrações gratuitas e acessibilidade plena;
•Projeto Viva a Casa do Cantador, que reúne apresentações musicais, audiodescrição, Libras e valorização da cultura popular nordestina em Ceilândia.
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Defensor da acessibilidade e da cultura para todos
Cacá Silva foi pioneiro na implementação de audiodescrição em shows ao vivo no Distrito Federal, dando voz às pessoas com deficiência visual nos espaços culturais. Em todos os eventos que organiza ou apresenta, ele exige a presença de intérpretes de Libras e estrutura adequada para pessoas com deficiência (PcD), com base no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
“Cada evento deve acolher todas as pessoas, independente de suas limitações. Já vimos o quanto uma simples ação, como reservar espaço para cadeirantes ou oferecer audiodescrição, pode transformar a experiência de alguém que antes se sentia excluído.”
Seu trabalho está em consonância com os princípios da Lei Orgânica da Cultura do DF, do MROSC (Lei nº 13.019/2014) e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente no que tange à cultura como vetor de desenvolvimento humano e inclusão.
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Raízes familiares que explicam sua sensibilidade social
Ao ser perguntado de onde vem tanta empatia, Cacá recorda sua mãe, figura inspiradora de generosidade e ação solidária:
“Minha mãe sempre realizou atividades sociais com distribuição de brinquedos, roupas e lanches para crianças e adolescentes. Eu vivo o que vi dentro de casa: ajudar o próximo.”
Ele também cita a convivência com pessoas com deficiência desde muito cedo:
“Meu primeiro trabalho foi na Ortopedia Brasília. Meu pai era dono e Técnico Ortopédico. Lá também tive contato com pessoas acidentadas ou com deficiência. Todo mundo acha que sua dor é a maior do mundo, e isso é natural, mas todos precisam de igual atenção e respeito.”
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O artista-documentarista de Ceilândia
Além de atuar nos bastidores e nos palcos, Cacá é também um importante documentarista da música brasiliense. Já compartilhou mais de 1.900 vídeos sobre eventos, artistas e manifestações culturais do DF em seus canais no YouTube e redes sociais:
•youtube.com/cacasilvashow
•youtube.com/bandaimagemdf
•youtube.com/asmapDFe
•instagram.com/cacasilvashow
•instagram.com/bandaimagem
•instagram.com/asmap_df
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Projetos com o Hemocentro de Brasília
A história de Cacá Silva, via ASMAP DF E, também está diretamente ligada ao projeto ‘Música no Sangue’, realizado em parceria com o Hemocentro de Brasília, que incentivou a doação de sangue por músicos e artistas. Essa iniciativa, além de promover a solidariedade e o engajamento social, reforça o papel da cultura como um vetor de transformação social.
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Cultura como ferramenta de transformação
Aos 53 anos, morador do INCRA 9 – Ceilândia, Cacá Silva permanece ativo, criando, apresentando, incentivando e lutando. Seus projetos continuam colocando em primeiro plano:
•A acessibilidade plena;
•A diversidade étnico-racial e de gênero;
•O protagonismo periférico;
•A sustentabilidade cultural;
•A valorização do artista local;
•A formação de plateias e inclusão social por meio da arte.
“Não pretendo sair daqui. Aqui está minha casa, minha gente, meu propósito.”
Sua trajetória comprova que a cultura não é apenas espetáculo – é cidadania, trabalho, política pública e afeto. E que Ceilândia, longe de ser apenas cenário, é protagonista de uma história viva, popular, plural e profundamente brasileira.
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Contato para imprensa, parcerias e produção cultural:
Cacá Silva – Agente Cultural e Produtor
WhatsApp: (61) 9 9664-3252
E-mail: musicoseartistas@gmail.com
Instagram: @cacasilvashow | @bandaimagem
1 Comentário
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És um patrimônio da nossa cidade, e abriu portas para nós pudéssemos passar. Sucesso e fé sempre!
Parabéns, Caca Silva ! Te admiro muito e sei de todo o seu esforço. E que você venha conquistar muito mais . Não pare ! Continue com essa alegria em cada apresentação. Te amo !